domingo, 5 de julho de 2009

Mudanças e Resistências às Mudanças (capítulo III) - As Dinâmicas dos Grupos de Jean Mainsonneuve

“É mais fácil modificar os hábitos de um grupo que os de um indivíduo tomado isoladamente”. Lewin

A introdução de mudanças levanta algumas resistências, quer as mudanças sejam nos hábitos quotidianos, quer de promover novos métodos de trabalho e de organização. A resistência à mudança pode não resultar do carácter coercitivo que frequentemente reveste essa mudança. A idade e o estado de fadiga reforçam a apreensão provocada pela mudança. Os modos actuais de comportamento resultam de uma aprendizagem e do ajustamento ao meio físico e social, pôr em causa esse sistema é difícil. A resistência à mudança depende daqueles fenómenos de solidariedade e de pressão colectiva.
I – Investigações sobre a mudança dos hábitos alimentares – Lewin e colaboradores abordam as mudanças sobre o ponto de vista dos hábitos alimentares no contexto de grupos naturais.
Esta investigação foi respeitante ao consumo de carne nos Estados Unidos em 1934. Lewin comparou dois meios de intervenção a favor do consumo das miudezas. Por um lado as conferências sobre as qualidades nutritivas das miudezas e a sua preparação culinária, por outro lado, exposições seguidas de discussão. Os efeitos sobre o consumo foram superiores no segundo método. Estes resultados foram confirmados por outros estudos.
Esta vantagem do segundo método pode ser explicada. O compromisso das pessoas numa discussão é maior e mais intenso, do que aquelas que só se contentam em ler um folheto ou mesmo escutar uma conferência. As pessoas numa discussão pode expressar-se mais livremente, enquanto que no ensino individual deixam a pessoa numa situação individual e solitária, a discussão é capaz de suscitar um movimento colectivo de evolução de a atitudes.
Uma das principais fontes de resistência à mudança, está no medo de fugir às normas do grupo. Ou aumentamos as pressões no sentido da mudança, ou reduzimos as resistências para com aquela mesma mudança. Os fenómenos de resistência e de evolução devem ser sempre considerados no contexto social em que os mesmos se manifestam.

II – Investigações sobre a mudança dos métodos de trabalho – como exemplo desta investigação temos um estudo efectuado por Coch e French no meio industrial, pois constitui um duplo interesse, positivo e crítico. O objectivo deste estudo era ver a importância dos factores psicossociais no decorrer da introdução progressiva de novas máquinas numa fábrica têxtil. Havia três grupos de trabalho, com a mesma produtividade antes da mudança das máquinas.
No grupo G0 (grupo de controlo), procede-se como de costume na empresa, limitam-se a explicar aos operários o emprego das máquinas incitando-os a fazerem o melhor que puderem. No grupo G1 (grupo experimental), foram expostas as razões de mudança e os trabalhadores fora convidados a designar delegados para participarem na fixação das normas após uma fase de ensaio. O grupo G2, foi todo convidado para colaborar no estabelecimento das normas. Seguiram-se três níveis de participação na mudança, o nulo, indirecto e directo.
Foi assim observado o que se passou nos grupos, após a introdução das novas máquinas. Verificou-se um desfasamento em todos os grupos nos primeiros dias em termos de rendimento; só o grupo G0 que não teve uma participação, não consegue encontrar a norma anterior, enquanto que os outros grupos reencontram e ultrapassam aquela norma. No grupo G0 verifica-se um descontentamento quanto à moral, no G1 a moral é satisfatória apesar de certas discussões, no G2 a moral é excelente e não se produzem problemas. Assim, os métodos de introdução da mudança são: a informação e a participação oferecidas ou ausentes, que vão provocar uma diferença nas atitudes e dos comportamentos profissionais. Estes trabalhos deslindaram importantes factores psicossociais da resistência à mudança e modos de a reduzir.

Mais recentemente os investigadores mostram que a participação exerce um certo atractivo, mas, por outro lado, os subordinados temem perder autonomia e expor-se a um certo controlo horizontal da parte dos co-participantes. É mais fácil conservar um bocado de independência quando se fica à margem das decisões do que quando se participa, pois, quando se discute torna-se mais vulnerável.
Podem surgir outras atitudes diferentes da participação. Essas atitudes foram caracterizadas por R. K. Merton, e são: a retirada, ligar o menos possível a sua sorte à organização; o ritualismo, prende-se nos pormenores para evitar os inconvenientes da mudança; a rebelião, põem em causa o conjunto do sistema.

Resumo feito pela Xana

O Problema da Coesão, Conformismo e Desviacionismo (capítulo II) - As Dinâmicas dos Grupos de Jean Mainsonneuve

“Totalidade do campo de forças tendo por efeito manter em conjunto os membros de um grupo e resistir às forças de desintegração”. Festinger, Shachter


A coesão é a força que mantém juntos os indivíduos num grupo.
Os factores da coesão: os factores extrínsecos (anteriores à formação dos grupos), os factores intrínsecos (próprios do grupo; factores sócio afectivos; factores de ordem operatória e funcional que atingem a própria organização ); a disposição material que regula as redes de comunicação; a semelhança ou a diferença dos status sociais. Compreende-se que nos grupos mais pequenos e que possuem mais características em comum comunicam mais rapidamente e mais intensivamente.
Os factores sócio - afectivos compreendem: o atractivo de um fim comum (pode ser mais ou menos claro segundo a idade e a natureza do grupo.
A sua atracção depende só da adequação ao nível médio das aspirações do nível do grupo); o atractivo da acção colectiva (meio de conseguir um fim); o atractivo de pertença ao grupo (sentimento de poder – grupos em expansão; sentimento de orgulho – grupos de prestígio e sentimento de segurança – grupos bem estabelecidos; a comunicação é fundamental); o jogo de afinidades interpessoais (a filiação de uma pessoa num grupo, pode depender das simpatias electivas) e a satisfação de certas necessidades pessoais (a participação num grupo, pode levar o individuo a satisfação de certas necessidades pessoais; o grupo é um meio para atingir um fim).

Os factores sócio - operatórios consideram: a distribuição e a articulação dos papéis (depende das actividades e das aptidões das pessoas; pode ser horizontal ou vertical )e o comportamento do grupo e o modo de liderança (cada indivíduo exerce uma influência diferente).
O conformismo e desviacionismo - a coesão implica um conjunto de comportamentos colectivos e dinâmicos, entre eles encontramos o conformismo, a resistência às desviações, a agressividade potencial para ao exterior.
1. O conformismo traduz-se na presença de normas e de modelos colectivos específicos. A função colectiva do conformismo atinge as zonas operatórias e afectivas da coesão.
2. Os comportamentos desviacionistas – comportamento que se afasta das normas. Quando mais isolado é o grupo, mais simples, estreitas e rígidas são as normas que adoptam. A influência desviacionista depende da situação. O desviado pode tornar-se líder. Os comportamentos desviacionistas e conformistas são atitudes complementares dinâmicas.
3. «In Group» e «Out Group» - a coesão não se reforça só no grupo quando este se sente ameaçado, mas pode exprimir a sua solidariedade atacando os seus vizinhos. Os membros do in group comportam-se de modos diferentes para com os membros do out group e para com os seus companheiros, trata-se de uma manifestação da coesão e do conformismo.

Em relação aos estudos experimentais, estes são sobretudo estudos de laboratório feitos pelos lewinianos. Nestes estudos tentam converter a noção de coesão em índices operacionais. M. Sherif e os seus colaboradores formaram uma colónia de 24 rapazes de estados sociais homogéneos e todos desconhecidos uns dos outros.
Numa 1º etapa de 3 dias os rapazes reúnem-se no acampamento e desenvolvem uma rede de afinidades. Numa 2º etapa reparte o grupo em dois, a fim de eliminar todas as atracções iniciais. Cada grupo vive no seu acampamento e desenvolve actividades colectivas autónomas. Exista uma inversão das escolhas iniciais. Numa 3º etapa, o desejo de rivalidade fica satisfeito.
Foram ensaiados três meios para reduzir a tensão intergrupal e os estereótipos agressivos: 1º, provocar a reunião dos esforços de todos contra um terceiro grupo tomado como adversário comum; 2º método consistiu em provocar contactos entre os dois grupos em situações agradáveis; 3º provocar uma interacção entre os grupos.
Com as experiencias de M. Sherif podemos concluir que a influência do grupo sobre as selecções interpessoais e a importância do fenómeno colectivo da endofilia; quando dois grupos são muito coesos são mantidos no mesmo espaço, tendem a desenvolver relações de hostilidade e a emergência de fins e de aspirações que se pretende ver reunidos é a única susceptível de ser eficaz.

Resumo feito pela Xana