quinta-feira, 26 de março de 2009

Correntes de Investigação e Noções de Base (capítulo I) - As Dinâmicas dos Grupos de Jean Mainsonneuve

Já Platão na República, ou Aristóteles em A Política, encontravam um conjunto de hipóteses e de análises sobre os fenómenos colectivos, as suas estruturas e transformações. Freud interessou-se em especial por grupos específicos, como a família e a escola. Durkheim criou a expressão « dinâmica social».
A expressão Group Dynamics, apareceu pela primeira vez em 1944 num artigo de Kurt Lewin, e promoveu a corrente de investigação com o seu nome. A ideia de Kurt Lewin inspirou a criação de um organismo de estudos, o « Research Center of Group Dynamics«.

Hoje podemos distinguir um sentido lato e um sentido restrito da dinâmica de grupos: o sentido lato envolve um conjunto de trabalhos consagrados aos grupos restritos. Os grupos são o resultado de forças que se devem identificar.
As implicações da dinâmica que todas as correntes de investigação aceitam são:

  • a investigação e a intervenção devem estar associadas;
  • a mudança e a resistência à mudança constituem um aspecto essencial da vida dos grupos.

Existem quatro principais correntes de investigação:

A corrente dinamista ou lewiniana

O grupo define-se não só pela sua proximidade ou reunião dos seus membros, mas como num conjunto de pessoas independentes. Pode desenvolver situações de tensão tanto positivas como negativas. Cabe ao grupo tentar resolver essas tensões e restabelecer o equilíbrio mais ou menos estável.

A corrente interaccionista

Adoptam uma posição imprevista e descritiva, destacando os efeitos e hipóteses. Bales quer fundar a investigação sobre os processos de interacção entre indivíduos. A sua atitude difere da lewiniana pois "um falso conceito consiste em supor que todo o progresso científico se faz em termos de uma estratégia dedutiva de sentido único".

A corrente psicanalítica

Freud interessou-se pela psicologia colectiva. O freudismo constitui o tipo de uma aproximação dinâmica de conduta, em razão do desenvolvimento da terapia de grupo. Existem alguns processos em comum às duas correntes (tensão, conflito individual, grupal, psicológico ou mesmo sociológico). Alguns investigadores pretendem reduzir os mecanismos dos grupos aos modelos freudianos da família. As acções e as percepções dos membros são unicamente os elementos de uma estrutura complexa, e aí reside um ponto-chave das dinâmicas de grupo.

Para concluir este capítulo, podemos dizer que a dinâmica de grupos, interessa-se pelas componentes e processos que vão intervir na vida dos grupos. Não existe nenhuma classificação de grupo, contudo existem quatro critérios fundamentais: a relação com a organização social, com as normas aceites, com fins colectivos e com o próprio projecto colectivo. Pode ser um grupo institucional (depende da organização social); um grupo espontâneo (conjunto de projectos particulares); grupo de base (os membros concentram-se sobre o grupo e os factores afectivos predominam); grupo de trabalho (os membros realizam uma acção em conjunto, com uma finalidade); também existem os grupos naturais e os grupos de laboratório.

O estudo dos grupos situa-se entre o psicológico e o sociológico.

Resumo feito pela Xana