terça-feira, 12 de maio de 2009

Resumo: Actividades e Liames colectivos Cap. VI – “A Dinâmica dos Grupos”

Este capítulo trata da importância da afectividade na vida dos grupos, tentando interpretar a natureza dos laços afectivos que unem os membros de um grupo. Para isso, existem algumas contribuições psicanalíticas a ter em conta, tais como as de Freud, M. Klein, Anzien e Bion.
Segundo Freud toda a relação com o outro é de natureza essencialmente afectiva e resulta da combinação de dois dinamismos: o desejo – envolve todas as formas de “bem-querer” e a identificação – processos que concernem ao sujeito do eu e não a uma relação de objecto. Sempre que uma pessoa descobre em si traços ou situações comuns com os outros criam-se laços que se vão fortalecendo quanto mais significativos forem. Assim, os laços são ambíguos e a liderança tem um lugar central.
Klein realça a ambivalência dos afectos, já que a pessoa ou grupo pode simultaneamente ser bom ou mau. Esta engloba a angústia e os fantasmas. Os fantasmas são um cenário ligado a um misto de desejos, ofensas e medos, enquanto que a angústia pode ser reactivada na situação de grupo, essencialmente quando é confusa e anónima.
Quanto ao desejo e imaginação dos grupos, Anzien, mostrou que os fantasmas penetram em grupos estáveis, bem como nas relações desses grupos, já que muitos dos desejos insatisfeitos na vida privada são levados para o grupo.
Para Bion a vida de um grupo processa-se a dois níveis:
- Grupo de trabalho: nível racional, consciente, o das tarefas, a actividade pressupõe uma aprendizagem
- Grupo de base: nível irracional, normalmente inconsciente e irrealista, não exige nenhuma aptidão especial para cooperar
A hipótese de base diz respeito às atitudes, aos esquemas mentais colectivos e engloba a dependência – o grupo comporta-se como se existisse para ser protegido por uma pessoa, a luta-fuga – o grupo comporta-se como se não pudesse sobreviver sem lutar contra um perigo ou fugir dele e a paridade – o grupo vive uma atmosfera acompanhada e simbolizada pela formação de pares e de relações de intimidade no grupo, existindo o estabelecimento de uma verdadeira cooperação.
É necessário perceber como é que interferem na vida dos grupos os esquemas afectivos e os esquemas produtivos de trabalho e de progresso. Assim, e adoptando uma atitude pluralista temos o esquema de encontro – o liame colectivo implica por vezes a satisfação de um desejo, o esquema de trabalho – o interesse pelo trabalho, participado por todos os membros do grupo, é um dos fios do liame que mantém as pessoas em conjunto e o intercâmbio criador – estes esquemas de encontro e de trabalho intervêm conjuntamente para suscitar ou manter o liame colectivo. As tomadas de consciência participam de forma afectiva e racional.
Resumo feito por Ana Ferreira